Manual de Urinálise

Urobilinogênio e bilirrubina

Normalmente ausentes na urina, podem indicar doença hepática (fígado) ou hemólise
(destruição anormal das hemácias). A bilirrubina só costuma aparecer na urina quando os seus
níveis sanguíneos ultrapassam 1,5 mg/dL. O urobilinogênio pode estar presente em pequenas
quantidades sem que isso tenha relevância clínica. É importante ressaltar que uma parte da bilirrubina
excretada no processo digestivo, a qual é convertida em
urobilinogênio pelas bactérias intestinais, é novamente
absorvida, e, através do sistema porta-hepático, volta ao
fígado, sendo novamente convertida em bibirrubina e
armazenada na vesícula biliar.

NITRITO
Os micro-organismos comumente encontrados nas infecções urinárias, tais como
Escherichia coli, Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella e espécies de Proteus contêm enzimas que
reduzem o nitrato da urina a nitrito ( ). Enterobacteriaceae convertem o nitrato urinário em nitrito.
Bactérias que não convertem nitrato em nitrito: Streptococcus faecalis, Neisseria gonorrhoeae e
Mycobacterium tuberculosis
Falso-positivos : contaminação vaginal
Falso-negativos: glicosúria, albuminúria, ácido ascórbico, tetraciclina, cefalexina, cefalotina
Falso-negativos: demora na realização do exame (degradação dos nitritos).

De acordo com o consenso europeu de urinálises, as etapas da sedimentoscopia são:
01. Amostra de Urina: jato médio da primeira micção. A urina deve ser examinada o mais rápido
possível;
02. Volume: 10 mL;
03. Tempo de Centrifugação: 5 minutos;
04. Velocidade de Centrifugação: 1.500 rpm, força centrífuga relativa de 400xG;
05. Fator de concentração do Sedimento: 1/20;
06. Volume Total do Sedimento: 0,5 mL;
07. Volume do sedimento a ser examinado: 1 gota (50 microlitros, coberto com lamínula 22 X 22
mm);
08. Ocular: aumento de 10x
09. Objetivas: Aumentos de 10x e 40x
10. Número de Campos Observados: 10 campos
Leucócitos

Os leucócitos migram de forma ameboide, para os locais de inflamação e/ou infecção.
Portanto piúria significa: inflamação no trato geniturinário. Também pode surgir devido a lesões da
membrana glomerular. Bact (+) e leuc (+): infecção. Bact (-) e leuc (+): inflamação. Bact (+) e
leuco (-): contaminação, picos da idade, imunodeprimidos. Exemplos de piuria: pielonefrites,
cistites, prostatites, uretrites, glomerulonefrites, lúpus eritematoso sistêmico, tumores. Normal até 2
ou 3 por campo.

ESTERASE LEUCOCITÁRIA
Liberação de esterase por granulócitos lisados. O nível de esterase na urina está
correlacionado com o número de neutrófilos presentes ( ).

Células epiteliais

São as células de descamação de todo o trato geniturinário, podendo ser encontradas na
urina até 3 a 4 por campo, significando descamação natural do trato. O aumento exagerado significa
processo inflamatório ou doenças renais. Pode-se distinguir a origem da célula, mas não é
recomendável sem corantes supra-vitais. É dividida em três tipos: Células escamosas, Células
transicionais ou caudadas (relacionada ao carcinoma renal); e Células dos túbulos renais.

Cilindros

Os cilindros apresentam como componente principal a proteína de Tamm-Horsfall, que é
uma mucoproteína secretada somente pelas células tubulares renais, sua forma é a do túbulo que
serviu de molde. São de formação exclusivamente renal, portanto significa patologia renal, o seu
encontro no sedimento urinário. Podem conter elementos em seu interior significando que estes
elementos estavam presentes nos túbulos por ocasião da formação do cilindro. Túbulos contornado
proximal, distal, coletor e Alça de Helen.

Tipos de cilindro:

Cilindro hialino: até 1 a cada 2 campos, pode ser normal, formado por “gel de proteína”. Grande
quantidade aparece na glomerulonefrite, pielonefrite, doença renal crônica, ICC.

Cilindro hemático ou eritrocitário: contém hemácias em seu interior, significa sangramento no

interior do néfron (parenquimal renal) que ocorre em G.N e lesão de túbulos ou capilares renais. É
patognomônico de glomerulopatia.

Cilindros leucocitários: contém leucócitos em seu interior, significa infecção e/ou inflamação no
interior do néfron. Ex: GN e pielo.

Cilindros epiteliais: contém células epiteliais renais.

Cilindros granulosos finos e grosseiros: contém grânulos, provenientes de restos leucocitários,
bactérias, etc.

Cilindros céreos: estágio avançado do cilindro hialino, devido à grande liberação de proteína,
inclusive em placas. Refringentes e rígidos.

Cilindros adiposos: contem corpos adiposos ovais, provenientes da decomposição dos cilindros
celulares de células que contém corpos adiposos, devido à absorção de lipídeos pelos túbulos. Muito
refringentes com gotículas de gordura.

Cilindro largos: formados nos tubos coletores, são mais largos, significa uma diminuição do fluxo
urinário. Mau prognóstico “cilindro da insuficiência renal”.

Bactérias

A urina não deve conter bactérias, sua presença em urina recém emitidas e colhidas com
assepsia, significa infecção. É importante sua relação com os leucócitos e outros elementos da urina
tipo I. Praticamente confirmam o diagnóstico de ITU: presença de piúria (leucocitúria), de
hematúria e de bacteriúria. Os valores encontrados são, habitualmente, proporcionais à intensidade
da infecção (Hooton TM, 1997).

Leveduras

Normalmente é a cândida albicans, comum em diabéticos e monilíase vaginal (por
contaminação). Na presença de infecção por leveduras, o sedimento urinário usualmente contém

hemácias e leucócitos, assim como leveduras, pseudo-hifas. Entretanto, a ausência de alteração no
sedimento urinário não elimina a possibilidade de infecção fungica. (ANG, et al., 1993).

Parasitos

Aparecem por contaminação fecal (oxiurus) ou vaginal (trichomonas).

Muco

Material proteico proveniente de glândulas e células do trato, aparecem em “filamentos de
muco”. Sem grande importância clinica, em excesso, pode significar processo irritativo.

Cristais

São formados por precipitações dos sais da urina por alterações na concentração, na temperatura e
no ph da urina. Podem formar cálculos renais. A refrigeração da urina precipita a formação de
cristais. São divididos em 2 grupos: a) cristais de urina acida e neutra. B) cristais de urina alcalina.

Cristais de urina acida:
AC úrico = comum, refrigeração, gota.
Urato amorfo. Urato de sódio. Oxalato de cálcio (vitamina C).
Cistina (anormais, indicam patologia).
Leucina (doença hepática cirrose).
Tirosina, Colesterol e sulfonamidas.

Cristais de urina alcalina: fosfato triplo. Fosfato amorfo. Carbonato de cálcio. Biurato de amônio.

Causas de cristais na urina
Desidratação
Um corpo desidratado permite que alguns componentes da urina, para solidificar, resultando na
formação de cristais. Quando o corpo é privado da ingestão de água adequada, a concentração de
certos compostos como o ácido úrico aumenta drasticamente. Isso pode levar ao desenvolvimento

de cristais de ácido úrico na urina. Estudos mostram que desidratação é uma das causas mais
comuns de cristais na urina infantil.

mudanças no pH da urina
Quando o valor do pH da urina afasta da escala normal, os cristais na urina são obrigadas a ocorrer.
Cristais de oxalato de cálcio na urina é uma indicação de sua natureza altamente ácidas. Quando a
urina é alcalina, geralmente indica a presença de cristais de fosfato de cálcio.

Infecções do Trato Urinário (ITU)

Os seres humanos, bem como animais como gatos e cães sofrem de UTI. De fato, os cristais na
urina de cães são frequentemente o resultado de UTI. Isto acontece porque as bactérias aumentam o
valor do pH da urina, tornando-o mais ácido. A mudança no valor do pH promove a formação de
cristais na urina.

Urolitíase

Cristais na urina por um período considerável de tempo também pode significar urolitíase, ou seja,
pedras na bexiga. A razão pela qual um indivíduo pode não apresentar quaisquer sintomas de pedra
na bexiga é devido ao pequeno tamanho da pedra (matéria cristalina endurecido). No entanto,
quando um grande cristal fica presa na bexiga, dor consistente na área abdominal é provável de
ocorrer.

Dieta

Uma dieta rica em proteínas também pode levar à formação de cristais na urina. Também a
ingestão de proteína, muito cálcio aumenta o teor de ácido úrico na urina. Isso irá provocar
alterações indesejáveis na concentração da urina e, finalmente, conduzir ao desenvolvimento de
cristais na urina. Além disso, observa-se que mais de proteína de consumo de alimentos ricos em
uma base diária, aumenta a acidez da urina, incentivando assim a formação da matéria cristalizada
na urina. Este efeito secundário de alimentos ricos em proteína também é visto em gatos e cães.

MUCO
O muco é uma proteína fibrilar produzida pelo epitélio tubular renal e pelo epitélio vaginal.
Não é considerado clinicamente significativo ( ).

A mioglobinúria, Hemoglobinúria e albuminúria ocorre após exercícios exagerados. Dessa
forma, pode-se ter também alterações na cor e na densidade urinária. A excreção urinária de Ácido
Vanilmandélico (VMA), no adulto, é normal entre 2 e 10 mg em 2 horas. Pode-se apresentar
aumento após exercício físico (Lima, et al., 2001); A presença de hemácias e também de cilindros
na urina pode ocorrer após exercícios intensos ( ). Ureia?

O aumento da excreção urinária de porfobilinogênio (PBG) é a expressão bioquímica da
crise aguda de porfiria; a pesquisa de PBG em amostra isolada de urina, após a crise, é o teste mais
freqüentemente utilizado para o diagnóstico. A porfiria é um grupo de anormalidades genéticas de
síntese do heme, na qual concentrações anormais de precursores do heme se acumulam. Estes
precursores (ácido aminolevulínico, porfobilinogênio e várias porfirinas) podem ser dosados na
urina. A maioria das porfirias é transmitida como desordem autossômica dominante, resultando em
uma deficiência relativa de uma enzima particular.